segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poema d'amor no dilúvio da espera

O mundo dorme,
com ele
a minha lira,
descansam melodias meigas
no entoar do silêncio
desta longa espera.

Recolho uma lágrima
despedaçada no olhar
em fragmentos de dor
que o sentir oculta no rosto…

O mundo dorme,
a noite é longa…
Sei-o!
e a escuridão esmaga
com garras de solidão
os meus gestos sem sono!

Lanço-me na volúpia do luar
e invado o vazio da noite
com as tuas formas de encanto
que na memória se agitam…
entre ternos desejos
e a vasta ausência,
ardem sentimentos
exaustos de te esperar…

São óbolos reais carrascos
que a distância da vida,
erguem altos muros
onde os meus olhos embriagados,
consentem lágrimas!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Em mim, poesia!

Dentro de mim, poesia!
Divagam palavras
unem-se em frases certas
e reflectem o sentir real
de um momento único
que me invade.

Dentro de mim, poesia!
Surgem ideias virgens,
na pele volátil
do exclusivo existir
que moro!
…deito-me no papel,
e ardem no vazio inerte
todo o sentido do olhar
que se eleva em fumo branco!

Dentro de mim, poesia!
Desliza no fluxo da vida,
o extracto poético da alma,
que por seivas de sangue
se rasga em versos…

O fulgor do pensar
escorre continuo
pelo limiar do instante,
sobre raízes do corpo,
até à cinza dos ossos
que a morte dissolve,
na claridade dum sorriso!

Venho da alma

Venho dos refúgios da carne,
imóvel no longínquo dos dias
onde os mares cavam rios,
que se abrem em sulcos
até ao acordar dos céus,
nos ninhos inconfessos
de eximias gaivotas,
em cardumes sem garganta…

Venho da vertente dum poema
escrito por meninos de sede,
na distância do meu corpo!

Corri os mares
E os vastos oceanos,
…corri os eflúvios do corpo,
descem à memória
e se debruçam calados
em sombras que se afogam
…deslizei do olhar
por brumas obliquas
onde os homens choram
os crimes dos homens…

Venho d além longe,
da margem…
um ponto fixo
na distância dos séculos
e perto da alma!